Ronaldinho ainda não pode ser tratado como coadjuvante
Bruno Voloch
Foi o jogo do ano.
Santos e Flamengo nos fizeram lembrar os bons tempos do futebol brasileiro. Futebol ofensivo, belas jogadas, craques em campo e placar elástico. O gol como prioridade. Seria tão bom que fosse sempre assim.
Quem poderia imaginar que após fazer 3 a 0 o Flamengo teria forças para reagir ?
Ninguem. Era hora de se fechar e evitar um vexame histórico.
Errado.
Ronaldinho estava em campo e jamais desistiu da partida. Foi assim desde o início do jogo. Mesmo com a derrota parcial, Ronaldinho já protagonizava as melhores jogadas pelo Flamengo e dava sinais de que não desistiria facilmente de ser o protagonista da noite.
E foi.
Ronaldinho deixou para desequilibrar diante do Santos, time da moda, diante de Neymar, craque da atualidade e diante de Muricy Ramalho, para muitos o treinador ideal para a seleção. Tudo isso na Vila Belmiro, casa de Pelé, ou seja, palco ideal.
No futebol normalmente é assim. Os jogadores diferenciados respondem quando são questionados e gostam, se agarram e fazem a diferença nos grandes clássicos.
Com Ronaldinho não foi diferente e nem poderia ser.
Ronaldinho venceu o duelo particular com Neymar. Jogou bola os 90 minutos e foi decisivo.
Agora artililheiro do campeonato, Ronaldinho sabe que depois de uma exibição de gala como essa, a torcida vai querer mais. Quase 6 meses depois de sua contratação, Ronaldinho finalmente desencantou. Já tinha tido lampejos, como na estreia diante do Avaí.
Se repetir o desempenho que teve diante do Santos, o Flamengo de Ronaldinho vira sério candidato ao título.
O ideal seria ter uma certa cautela, pois já vimos esse filme antes em outras equipes, mas sem o artista principal: Ronaldinho.
O jogador, eleito duas vezes o melhor do mundo, dificilmente alcançará essa façanha novamente. Dizem que Neymar pode sonhar com tal feito em breve. Não duvido.
O perigo é colocar Ronaldinho como mero coadjuvante numa festa de meninos.