Xandó fala em faxina na CBV, ganância, ironiza Ary e apoia Bernardinho
Bruno Voloch
A crise no vôlei brasileiro ainda causa grande indignação. Os representantes da geração de prata, aqueles que de fato abriram as portas e fizeram nosso esporte ser reconhecido mundialmente, quebraram o silêncio.
Xandó, 52 anos, fez questão de falar sobre o assunto. Procurado pelo blog, disse não estar surpreso com os acontecimentos, diz que falta transparência, sobre ganância, fala com mágoa do atual presidente da FIVB, Ary Graça e diz que Bernardinho não pode ser prejudicado por denunciar o esquema.
Como reagiu a esse escândalo todo envolvendo CBV e BB ?
Temos que isentar o BB desta questão, acredito que se fosse outro patrocinador iria acontecer até em proporções maiores. Você acompanha o voleibol de anos, sabe que este assunto apenas mudou os valores. Nos anos 80 onde tudo começou este assunto nunca foi transparente, foram inúmeros eventos e jogos vendidos, exemplo o jogo do Maracanã com TV aberta ao vivo, publicidade estática e bilheteria para mais de 90 mil pessoas. Onde foi parar este dinheiro e os valores do negócio ? Depois vieram com o incêndio na CBV onde foi queimado cópias de contratos e documentos importantes. As empresas promotoras dos eventos também foram se dissolvendo e não tem cópias dos contratos com a CBV. Enfim, tudo muito nebuloso.
Você conhece bem o Ary Graça ? Qual sua relação com ele ?
Conheço o Ary de oi, bom dia e boa tarde, quando encontro em algum evento. Nenhuma relação, aliás, para ele nossa geração não existiu. Ele solta em suas brincadeiras frases: “A história só fala dos vencedores” ou seja, medalha de prata é perdedor.
No fundo os responsáveis serão punidos ?
Temos que trabalhar para que aconteça algo e que mude este conceito administrativo. Ninguém pode ser dono do voleibol no Brasil
Como você se sente diante de tal cenário ?
Não fiquei surpreso, esperava por este momento, sabia que ainda ia ver isto acontecer. Não se deve brincar com coisa séria, a ética, o respeito e os valores primordiais devem prevalecer. Desrespeitaram por ganância e poder.
O Xandó foi sempre um cara que levantou a bandeira da independência no vôlei e ficou marcado. Como reage a isso ? Será que foram injustos com vc ?
De fato, tentei na época este status de revolucionário, porém, me vi sozinho em muitas ocasiões. Tirei meu time de campo, deletei o voleibol e fui fazer coisas mais interessantes que durante minha juventude não tive tempo para fazer. Hoje estou de volta ao voleibol, trabalho com surdos e estamos iniciando um trabalho muito interessante e desafiador.
E a participação do Bernardinho ?
Confiamos amplamente no Bernardo, José Roberto, Renan, Radamés e queremos mudança no comando da CBV. Existem leis no país referente à responsabilidade administrativa, a entidade tem que sair isenta deste assunto, quem tem que prestar esclarecimentos e contas são os gestores da CBV. Comprovando as irregularidades, medidas severas deverão ser adotadas contra os envolvidos. O voleibol não pode ser prejudicado muito menos o Bernardo por denunciar o esquema.
E como fica a CBV diante dos jogadores ?
A CBV como entidade fica como esta, os gestores envolvidos que precisam se pronunciar e pedir desculpas aos atletas, patrocinadores e imprensa. Não tem clima para continuar, hora da faxina.
Hoje, como empresário, vc investiria no vôlei ?
Com outras pessoas no comando, sim. O voleibol não pode sair manchado neste assunto. Vamos fazer uma corrente positiva por mudanças, os atletas querem, entidades filiadas querem, a mídia quer e os empresários aguardam mudanças para novos investimentos.