Sucessora de Fernanda Venturini, Ana Tiemi quer distância e exige respeito
Bruno Voloch
Ana Tiemi está muito bem, obrigado.
A levantadora brasileira renovou contrato por mais uma temporada com o Bursa Belediyesi.
Nesse papo rápido e sincero com o blog, Ana mostrou personaliade, falou do passado, da experiência no vôlei brasileiro e de seleção. Considerada a sucessora de Fernanda Venturini, Ana jamais conseguiu se firmar. Alta, 'mão' boa e habilidosa, ela admite que as experiências serviram de aprendizado e prefere não criar expectativas para o futuro.
Por que você optou em continuar na Turquia ?
Simples, porque me adaptei muito bem aqui e fiz uma boa temporada. Segundo fui valorizada e muito. os dirigentes fizeram de tudo pra que eu ficasse e honestamente não vi motivos pra voltar.
Você teve propostas para voltar ao Brasil ?
Sim, mas na verdade nem dei muita atenção. Dois times me chamaram.
Alguma mágoa do vôlei brasileiro ?
Mágoa não, apenas estava precisando respirar novos ares, ouvir críticas diferentes. No Brasil te rotulam por qualquer coisa, não sabem o que acontece fora das quadras. Não sabem se você ajuda sua família financeiramente, se você tem outras coisas que não seja vôlei, e falam mal, rotulam, piadas sem graça, eu não gosto dessas coisas. Nunca desrespeitei ninguém e queria que fosse assim comigo também. Aqui não tem nada disso. Cada um faz o seu e pronto.
Ana, você sempre foi considerada a sucessora da Fernanda Venturini. Isso atrapalhou sua carrreira ?
De jeito nenhum, sempre gostei disso. Eu ainda quero ser, por isso quero ficar mais um pouco aqui fora, só volto para o Brasil quando eu estiver preparada pra enfrentar todo mundo. Por enquanto vou me recompondo por aqui.
O que seria enfrentar 'todo mundo' ?
Sempre tive muita personalidade quando era mais nova, não tinha medo de nada nem de ninguém e com o tempo perdi bastante isso, então quero voltar bem, com a cabeça boa e não abaixar pra ninguém. Aguentar todos os tipos de críticas, todas as responsabilidades, todas as decisões.
Seleção brasileira ainda faz parte dos seus planos ?
Pensar eu penso, mas agora que eu estou na Europa, eu penso mais em estar bem comigo mesma, com meu clube e viver feliz. Acho que se eu estiver bem, a seleção será uma consequência. Não desisti não, foi tudo um aprendizado. Mas não fico pensando freneticamente e vou deixar as coisas acontecerem naturalmente.
Hoje a seleção está bem entregue ?
Sim, sim. A Dani e a Fabíola são as melhores.
Dizem que você 'não aconteceu' na seleção. É verdade ?
Sinceramente até o ano passado isso era muito frustrante pra mim, me chateava, mas agora não mais. Não mesmo, o que passou, passou. Não posso voltar no passado e tentar de novo, agora só posso esperar uma próxima oportunidade.
Você sempre foi muito elogiada por todos os técnicos e quase sempre foi banco nos grandes times. Como assim ?
Faltou eu acreditar mais em mim, bater no peito e assumir meu espaço. Talvez eu não estivesse preparada para ''enfrentar'' todas essas oportunidades.