Blog do Bruno Voloch

A montagem do quebra-cabeça

Bruno Voloch

É básico e sempre foi regra no vôlei.

Um time competitivo e forte começa por uma grande levantadora.

A formação de um time de ponta passa necessariamente primeiro pela contratação de uma jogadora para a posição. Depois forma-se o restante do elenco.

A classificação do Sesi para as semifinais era o exemplo mais recente até Campinas e Rio entrarem em quadra. Na ocasião das quartas de final, Dani Lins sobrou contra a jovem e ainda promissora Ju Carrijo. É claro que estamos falando de uma jogadora campeã olímpica e uma menina de 21 anos, mas Dani Lins fez toda a diferença.

A volta de Fofão também foi assim.

Roberta deu conta do recado em boa parte da superliga, mas Fofão, experiente e mesmo ainda distante da forma física ideal, foi efetiva, inteligente na distribuição e devolveu a confiança ao time do Rio. O entrosamento com Juciely é um dos pontos fortes, mas Fofão tem a incrível capacidade de ler o jogo como poucas na posição e assim fez a sérvia Brankika brilhar e Gabi voltar a se sentir útil.

A comissão técnica do Rio fez certo. Poupou a jogadora e deixou Fofão pronta na hora mais importante do campeonato e deu bagagem para Roberta. Honestamente, ninguém tinha o direito de duvidar da técnica de Fofão, mas existia no ar uma leve desconfiança quanto a recuperação física da atleta. O jogo terminou em 3 sets, mas foi arrastado nos dois primeiros e aparentemente Fofão sobreviveu.

O Rio foi um com Roberta. O Rio é outro com Fofão.

O mesmo não se pode dizer de Campinas.

Claudinha vive no mesmo estágio que Ju Carrijo.

Jogadora de futuro e em formação, mas que não pode fugir da responsabilidade. A ex-jogadora do Minas ficou devendo. Faltou personalidade e coragem a levantadora de Campinas.

Não por acaso, Fabíola está virtualmente na final da superliga.

Mas a própria jogadora de Osasco só foi ganhar status quando se transferiu do Pinheiros para Osasco, amadureceu e virou realidade. Por sinal, realidade essa ainda contestada na seleção brasileira, onde Fabíola ainda precisa mostrar resultado.

O fim do campeonato se aproxima e embora o ranking seja empecilho, a temporada é decidida justamente na hora da escolha de quem irá fazer a 'mão', ou seja, ser a levantadora.

Ninguém ganha nada sozinho e embora o vôlei seja um esporte coletivo, o sucesso dos times passa literalmente pelas mãos delas.

Dura e real lição.

O Praia Clube sentiu na pele. Campinas agoniza.