Blog do Bruno Voloch

Compromi$$o

Bruno Voloch

Katowice (Polônia).

A Polônia ganhou um novo ídolo:

Stephane Antiga, técnico francês, campeão do mundo pela seleção após 40 anos,

Humilde, de fala mansa e estilo requintado. Papo reto e direto.

Perguntei ao treinador como ele se sentia derrotando o Brasil duas vezes em menos de uma semana:

'Normal. Havia dito na entrevista após o jogo contra a Alemanha que seria possível vencer porque já tínhamos provado isso quando fizemos 3 a 2. Se chegamos a decisão foi por méritos próprios e como disse sem medo do adversário'.

Ele afirma que nem mesmo a derrota no primeiro set foi capaz de abalar a equipe:

'Não. Estudei o que eles tinham feito dentro de quadra. Passo a passo. Nosso time entrou preso, com pressão e disse a eles que jogassem soltos, de maneira leve, que o jogo iria aparecer naturalmente e que a obrigação era do Brasil, afinal era tricampeão do mundo'.

Bernardinho disse que se sentiu prejudicado por causa da FIVB durante a competição. Antiga, riu, e interrompeu:

'Prejudicada foi a Bulgária no mundial de 2010 e os Estados Unidos em Atenas 2004. Jogador tem memória curta, treinador não. Cada um paga pelos seus atos. Quero que me digam algum erro da arbitragem na decisão. Nenhum. Zero. Nossa vitória foi limpa de dentro de quadra. Eu usei o que tinha de melhor e minhas opções. Não sei como funcionam as coisas na seleção brasileira. É uma nova era chegando e os tempos mudaram. Aqui só quem ganha no grito é a torcida.'

Antiga recebe cerca de 15 mil euros por mês da federação polonesa, menos do que ganha Bernardinho para dirigir o Rio de Janeiro,

O técnico, segundo especialistas da área, chega a faturar mais de R$ 400 mil envolvendo palestras e negócios.

O mais novo treinador campeão do mundo falou ainda das mudanças que se viu obrigado a fazer:

'Era a minha chance de vida. Afastei alguns jogadores que estavam acomodados (Bartman) e deu valor aos que precisavam de espaço e tinha potencial diferenciado, como Mateusz, Mariusz e Michal (Mika, Wlasly, Winiarsky ). A Polônia poderia ter acontecido em 2012 na olimpíada de Londres, mas Anastasi não conseguiu tirar o que o grupo tinha de melhor. Não é uma crítica. É uma constatação. Eu não dou margem para errar. Dois, no máximo três erros e altero a estrutura. Troco, repenso. Esse é o segredo. Todos se sentem úteis. Foi assim com o Pawel (Zagumny) que mudou a história do jogo final em Katowice'.

Por fim, ele apressado após encontro com o presidente da federação local, confessa:

'Tecnologia não ganha jogo. Vejo treinadores com fios enrolados por todo o corpo, presos, com assistentes espalhados por todos os lados. De nada adianta. Anoto o que preciso. Simples, Passo o básico para meus jogadores. Eles é que ganham dentro de quadra'.

E completou:

'Só estou lá pra pedir tempo e parar o jogo no momento certo'.

Stephane Antiga está com 38 anos e assumiu o cargo de técnico da seleção em outubro de 2013. Abandonou a carreira no ano passado após quase 7 anos atuando no vôlei polônes.

Jogou quase uma década na seleção da França e tem contrato com a Polônia até 2016.