12 a 1 é inaceitável
Bruno Voloch
E não é que Zé Roberto tinha razão.
Na véspera das finais do Grand Prix, o técnico, sempre cautelos0, dizia 'desconhecer' o favoritismo da seleção brasileira para a conquista do torneio.
Um certo exagero, convenhamos, se levarmos em conta a campanha do Brasil na primeira fase da competição.
Mas logo na estreia a seleção caiu, acabou perdendo de 3 a 2 para a Turquia e de quebra viu uma longa invencibilidade ir embora.
Desde o começo do jogo a seleção sofreu no passe. Foi assim do início ao fim da partida.
A Turquia simplesmente arriscou tudo no saque e destruiu a recepção do Brasil.
Garay e Jaqueline, exímia passadora, também não resistiram.
Sem passe, a seleção se iguala as demais.
Sem passe, Fabiana e principalmente Thaísa não participam e nosso jogo fica óbvio demais. Marcado e de bolas nas pontas.
Sem esse diferencial, a seleção foi facilmente dominada no primeiro set com 25/18.
A Turquia surpreendia com um bom sistema defensivo. O Brasil seguia inseguro no passe, mas mesmo assim o segundo set foi mais equilibrado. A seleção teve a chance de vencer, mas errou quando não podia e a Turquia fez 25/23 colocando mais pressão.
Com 6 a 1 contra, Zé Roberto resolveu arriscar tudo ou quase tudo. Colocou Tandara, Gabi e Carol nos lugares de Sheilla, Fernanda Garay e Thaísa. As alterações mudaram a cara do jogo a partir do terceiro set e recolocaram o Brasil na partida.
A vitória devolveu a confiança ao time que ainda precisou da volta de Sheilla para empatar o jogo no quarto set.
Quando se esperava uma repetição da virada contra os Estados Unidos, a Turquia se superou e comandada por Sonsirma e Ozsoy fechou com 15/12.
Jogo decidido no saque (Toksoy deitou e rolou) e no péssimo rendimento do sistema de recepção da seleção.
Foram 12 pontos de saque da Turquia, contra apenas 1 do Brasil. Números inaceitáveis para uma seleção de ponta.
Jogo equilibrado nos ataques e bloqueios.
Partida em que Tandara brilhou vindo do banco e as 'ausências' de Thaísa e Garay acabaram sendo determinantes para a primeira derrota do Brasil no Grand Prix.
Competição de 'tiro curto' é assim e não existe tempo para lamentações. A China, que passou pela Bélgica com time reserva por 3 a 1, nos espera.
Teoricamente o Brasil não deve ter dificuldades, ainda mais se contar com Thaísa de volta.
Acontece que a Rússia também esperava o mesmo contra o Japão e perdeu por 3 a 1, portanto todo cuidado é pouco.