Incômodo jejum
Bruno Voloch
E o Brasil ficou novamente com o vice.
Passou perto.
Para muitos foi até longe demais. Na final porém caiu e perdeu para a sempre disciplinada seleção dos Estados Unidos.
Bernardinho, humilde e mostrando o descontrole emocional de sempre, como no primeiro set ao xingar o árbitro, soube reconhecer os méritos do adversário, infinitamente superior física e tecnicamente.
Ainda no calor da partida, fugiu de suas características, criticou abertamente Lucão e Mario Jr e bateu forte na instabilidade dos jogadores.
Não dá porém para jogar a responsabilidade em Lucão. O líbero é velho conhecido e rendeu o esperado.
Fato é que o Brasil da decisão foi o Brasil da maior parte da liga, ou seja, viveu de altos e baixos, mas não sobreviveu. Não foi de nem de perto o time consistente que atropelou a Itália 3 vezes seguidas.
Os Estados Unidos foram agressivos, corajosos e venceram principalmente pelo aproveitamento no ataque e bloqueio a partir do terceiro set.
Anderson deixou para jogar contra o Brasil tudo que não tinha apresentado na competição.
Sander foi espetacular e o nome do jogo. O central Lee, tímido no início, desencantou também do terceiro set em diante. Anulou Lucão.
Enquanto isso, John Speraw, técnico dos Estados Unidos, tinha a leitura perfeita.
A entrada de Muagututia Garrett mexeu com a estrutura tática e acabou sendo fundamental. Rooney Sean tinha sérias dificuldades na recepção, Muagututia fez o time rodar e Christenson jogar com passe A.
Os Estados Unidos ainda assim abusaram dos erros de saque, mas arriscaram bem mais que o Brasil.
Lucarelli foi o mais regular do Brasil.
Como bem disse Bernardinho, venceu o melhor.
Dura constatação.
Por tudo que (não) fez na liga mundial, a seleção não merecia mesmo o título. O Brasil evoluiu, mas não o suficiente para ser campeão.
Não mesmo.
E segue o incômodo jejum de 4 anos.
O Brasil continua na fila e amarga mais um vice-campeonato.