Felipão, demitido do Palmeiras, responde com título na seleção brasileira
Bruno Voloch
A segunda passagem de Luiz Felipe Scolari pelo Palmeiras terminava há 10 meses com o técnico sendo demitido em setembro do ano passado.
Campeão da Copa do Brasil, Felipão acabaria não resistindo a derrota para o Vasco e a última colocação no campeonato.
O rebaixamento acabou sendo inevitável e o treinador é considerado por muitos um dos responsáveis pela queda do time para a segunda divisão.
Boa parte da mídia considerava Felipão ultrapassado. Mano era demitido da seleção meses depois de fracassar na Olimpíada de Londres.
Em novembro, Luiz Felipe Scolari era confirmado como novo técnico do Brasil.
O futebol tem lá suas curiosidades.
Felipão assumia a seleção sob desconfiança e no pior momento da vitoriosa carreira. A CBF, sem alternativas, apostava na experiência do treinador e o conhecimento nos bastidores da entidade.
Curiosamente, ele assumiu a seleção brasileira em 2001, após a Copa das Confederações, quando Emerson Leão foi demitido, mas em circunstâncias diferentes. Felipão chegava do Palmeiras, no qual havia conquistado Copa do Brasil e Libertadores, e acabou classificando o Brasil para a o Mundial do Japão/Coreia do Sul.
Na Copa, reabilitou Ronaldo e foi campeão com 100% de aproveitamento.
Felipão comandou Portugal e virou ídolo do país. Foi vice-campeão da Europa em 2004 e quarto colocado na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Fracassou nas quartas de final da Euro 2008
No Chelsea, os resultados foram abaixo do esperado e Felipão durou menos de um ano. O treinador se arriscou pelo Bunyodkor, do Uzbequistão e foi campeão local em 2009 antes de pisar em 2010 no Palmeiras. O desfecho da passagem pelo clube é conhecido por todos.
Felipão novamente está em alta. Em pouco tempo de seleção deu cara ao time, esquema tático e consegui fazer Neymar desequilibrar.
O grupo está praticamente formado para a Copa de 2014. 90% será o mesmo que jogou a Copa das Confederações.
Felipão construiu uma base. Apostou em Julio Cesar, Paulinho foi imprescindível e Fred o verdadeiro camisa 9. O treinador resgatou a confiança perdida e o maior mérito foi ter feito Neymar descobrir o prazer de jogar pela seleção brasileira.
Felipão é o mesmo. Não mudou e mostrou ter estrela, além de competência e humildade.
Agora precisa evitar o oba-oba, natural após uma conquista como essa, ainda mais em casa. Reconhecer que a Copa do Mundo é uma outra competição e bem mais difícil é o primeiro passo.
O futebol tem dessas surpresas.
O mesmo Felipão, dado como ultrapassado no Palmeiras e em fim de carreira, deu nova vida e cara para o futebol brasileiro.