A saúde, os números e as mãos da seleção
Bruno Voloch
A seleção masculina saiu no lucro diante da França. O saldo diante das circunstâncias apresentadas foi positivo.
Os franceses poderiam ter deixado o país com duas vitória se não tivessem tido um apagão no tie-break da primeira partida.
A verdade é que o Brasil, assim como várias outras seleções, passa por um período de renovação e instabilidade. Maior exemplo é o fato de não existir nenhuma time invicto na liga mundial.
Resultados surpreendentes continuam acontecendo por todos os lados. Cuba, que não tinha vencido ninguém, derrotou a Rússia, campeã olímpica. O Irã, de Julio Velasco, conseguiu bater a Itália fora de casa.
Bulgária, Itália e Holanda lideram os grupos A, B e C, respectivamente. Brasil e Bulgária foram os que menos perderam, uma vez, e Cuba e Argentina, os que menos ganharam.
O desempenho ruim frente aos franceses deixa alguns questionamentos no ar.
Dante, exímio jogador e ponteiro de raríssimas qualidades, ainda tem saúde para ser titular ? Não se discute os serviços prestados pela atleta, mas Dante é hoje a melhor opção ?
E as 'mãos' da seleção voltam a ser tema.
Bruno aparece apenas em sexto lugar nas estatísticas da liga mundial, mas ganhou em quadra o direito de ser titular da seleção. Vive ainda de altos e baixos, mais altos do que baixos. É líder, adora jogar sob caras e bocas, mas exagera na dose.
William é importante taticamente e demonstrou isso em quadra no quinto set contra a França na primeira partida e no segundo e terceiro sets do segundo jogo. É útil, mais preciso que Bruno, arrisca menos, mas dá prejuízo na rede. Os adversários simplesmente ignoram William no bloqueio.
Rapha sim precisa ser testado. O levantador do Trentino é mais rodado que Bruno e William juntos, tem bagagem de sobra, mas estranhamente não 'acontece' com Bernardinho. O jogador dizem estar recuperado da fratura que sofreu no dedo e estaria apto para atuar nas finais da competição na Argentina. Tomara.
Se a fase é de testes, é a hora de botar Rapha para jogar, assim como Lucarelli e Éder estão fazendo.
Lucarelli é uma realidade, mas ainda precisa evoluir. Éder é um bom reserva e não compromete. Sidão é mais completo e regular. Vissoto ganha o duelo particular com Wallace e Lucão é inquestionável.
Mario Jr é o único jogador brasileiro que aparece como líder nas estatísticas. É até agora o melhor atleta de defesa da competição. Mario Jr é esforçado, mas não tem liderança, presença em quadra.
Nesse caso, sem Serginho, Bernardinho não tem alternativas.
A perda da invencibilidade também não é o fim. Apesar do fraco e decepcionante desempenho no fim de semana, o trabalho de renovação precisa continuar.
Renovação, nem que isso custe novos insucessos. Esse é o caminho.