Exemplo de dedicação, Lara vira multiatleta, quebra barreiras e se encontra no vôlei
Bruno Voloch
'Acho que essa temporada não vão jogar mais contra a gente igual ano passado. Vão ter mais atenção'.
O recado é de Lara Nobre, 24 anos, central do Pinheiros.
O time foi a revelação da última superliga, venceu adversários tradicionais como Osasco e valorizou demais a classificação de Campinas para as semifinais.
Humilde e extremamente atenciosa, Lara explica:
'Acredito que não ser favorito ajuda e não temos aquela pressão do clube, patrocinadores. Cada vitória é um lucro, é valorizada. Isso ajuda demais'.
O Pinheiros já se apresentou e iniciou os trabalhos para a temporada 2013/14.
Lara tem passagens por Paulistano, Mackenzie e São Caetano, mas ganhou maturidade e destaque vestindo a camisa do Pinheiros. Ela explica como começou no esporte:
'Eu estudava em um colégio que valorizavam demais o esporte. Fiz todos os esportes. Natação, futebol, basquete, polo aquático, ginástica olímpica e atletismo. Minha irmã mais velha jogava vôlei, eu era alta, fui copiando ela e gostei. Comecei na quarta série, colégio Santo Américo'.
Aliás, a altura fez Lara quebrar algumas barreiras na vida. Tímida, ela evita o assunto, mas fala sem preconceitos:
'Gosto muito no vôlei de ser alta. Queria ainda mais. Acho bonito, mas tenho meus complexos. Na vida normal queria ter 1,75, por exemplo. Todo lugar que vou as pessoas comentam, olham. A maioria do lado positivo, mas é difícil ser mais alta que a maioria dos homens. Queria poder usar um salto e não parecer exagerado'.
Talentosa, Lara tem os pés no chão e reconhece que o sonho de jogar na seleção está distante. Mesmo assim, não desanima e fala como orgulho da profissão:
'Claro que é um sonho, mas tenho prazer em jogar vôlei, é o que amo. Mas sou realista, e se nunca for convocada não vou ser uma atleta frustrada. Sou muito feliz jogando superliga. Existem muitas meninas que foram seleção de base e que não conseguiram chegar na superliga. Por isso nunca irei desistir'.
Lara diz que o vôlei é uma escola de vida:
'Aprendi muito com o vôlei. Você convive com pessoas de todos os tipos, classes e eu nunca precisei do meu salário para ajudar minha família. Faço porque gosto mesmo de jogar. Poderia estar trabalhando numa multinacional como meus amigos e ao lado da família, mas meu sonho nunca foi esse'.
No fim da conversa, Lara deixa um aviso aos adversários:
'Eu sonho alto, acho que não conseguimos passar para as semifinais por muito pouco. E não acho impossível. É isso que espero pra essa temporada, ter aquele algo a mais e surpreendermos'.
É bom não duvidar do Pinheiros, muito menos se Lara estiver em quadra.