Li atentamente a boa entrevista do companheiro, Luiz Paulo, com a ex-levantadora da seleção brasileira, Fofão.

Como gostam de dizer os treinadores na linguagem do vôlei, Fofão tinha de fato uma 'mão' invejável. Habilidosa, de boa leitura de jogo e ótimo caráter, talvez por isso, tenha sobrevivido tanto tempo no esporte.

Concordo com algumas colocações da ex-jogadora e discordo inteiramente de outras.

Não acho que hoje esteja faltando liderança na seleção brasileira, agora exigir que a líbero Fabi, desgastada e que já deveria ter dado espaço para Camila Brait, seja líder é querer demais.

Fabi tem serviços prestados, é uma boa jogadora de defesa e só. Liderança é questão de apditão, carisma, e Fabi passa longe.

Fofão está corretíssima quando diz que nas horas difícieis é preciso assumir a responsabilidade, mas nem todas dentro da seleção podem desempenhar esse papel.

Fofão estava acostumada e conviveu com uma geração espetacular de 1996 até 2000. Nessa geração, sobrava liderança e jogadoras com esse tipo de perfil.

Hoje a realidade é outra.

Sheilla pode não ter essa característica, mas é fundamental para a seleção, outro erro de Fofão.

Fofão insinuou que o falta liderança  para a seleção voltar a ser campeã. Se for assim, o problema está longe de ser resolvido. Mas sinceramente, não acho que esse seja o fator preponderante para os últimos fracassos.

Experiência não falta para as jogadoras titulares, perder uma decisão é algo natural, mas não pode se tornar rotina. É nítido que a seleção se sente pressionada quando está numa final. Foi assim recentemente no Grand Prix.

Sobre a aposentadoria, Fofão deveria repensar sua decisão e ficar de vez em casa.

Com 41 anos o corpo já não responde como deveria e o raciocínio é mais lento. Fofão só foi procurada de verdade por um time grande do Brasil. O Minas.

Mesmo assim, sem recursos e parceiros, o Minas deixou de lado o projeto para contar com Fofão.

O Rio preferiu Fernanda, o Sesi assinou com Dani Lins, Osasco não pensou em Fofão e trouxe Fabíola e o Vôlei Futuro quis Ana Tiemi. Essa é a mais pura realidade. Jogar no exterior é a única salvação para Fofão e mesmo assim em times de segunda linha, como o modesto San Severino da Itália.    

Dispensada pelo Fenerbahçe, Fofão não precisa ficar desesperada atrás de time. Deveria parar, antes que parem com ela. O desinteresse dos grandes times do país, já é uma resposta e reflexo do atual momento do vôlei nacional para Fofão.

Não admitir isso, é brigar com a realidade.