O esporte é mesmo curioso. Nascido e criado no Rio de Janeiro, o levantador Marcelinho foi contratado a peso de ouro em 2009 pelo Pinheiros de São Paulo. O clube amargou fracassos, não ganhou nada que disputou desde a formação do time com Giba, Gustavo e outros medalhões e na metade da superliga inexplicavelmente demitiu Marcelinho. Rodrigão, campeão olímpico, também acabou dispensado. Na semana seguinte, Marcelinho já estava na Itália defendendo as cores do Sisley Treviso. Há 10 dias, o mesmo Marcelinho, que não servia para o Pinheiros, levantava a taça de campeão da Copa da Europa. Nesse entrevista, o jogador fala da possível aposentadoria do líbero Serginho, se defende das críticas sofridas na época dos jogos olímpicos de 2008 e coloca nas mãos de Bernardinho a responsabilidade de Bruno ser o titular da seleção. Marcelo diz já ter propostas para voltar ao Brasil e que os dirigentes e responsáveis pela sua saída do Pinheiros precisam se explicar.

O título teve algum sabor especial depois de deixar o Pinheiros?

Todo título tem um sabor especial, e esse foi especial por ter sido conquistado jogando por Treviso. Não sou mais jogador do Pinheiros e deixo claro que não tenho mais vínculo com o clube, é passado e virei a página quando assinei a rescisão de contrato. Esse título da Copa da Europa é importante pela maneira como foi, pela força que o nosso time mostrou. Atuamos com muita raça, coração e conquistamos uma vitória heróica contra o Kedsierzyn-Kozle da Polônia. Em casa a gente tinha perdido por 3 a 2 e jogamos fora com a obrigação de vencer por 3 a 0 ou 3 a 1. Fizemos 3 a 1 num jogo memorável.

Você pretende continuar pela europa?

Não sei, ainda não estou pensando nisso. Temos os playoffs do Campeonato Italiano pela frente e o foco é esse, não penso em outra coisa, que não seja isso. Duas equipes do Brasil entraram em contato comigo nas últimas semanas, mas não quero falar sobre isso agora, porque estou concentrado no campeonato. Ainda não decidi nada sobre o meu futuro.

A campanha ruim do Pinheiros na superliga significa que você não era o culpado pelos constantes fracassos do time ?

Acho que isso é uma coisa que os responsáveis pela minha saída e do Rodrigão é que podem comentar e responder. Eu não tenho nada a falar sobre isso. Estou muito feliz aqui no Treviso, uma das equipes mais tradicionais da europa, ganhamos o título da Copa da Europa e fico orgulhoso de fazer parte desse grupo, de poder seguir jogando em alto nível.

O Marcelinho teve problemas em Joinville com Giovane Gávio e recentemente no Pinheiros. Esses episódios marcam sua carreira negativamente ?

Olha, procuro não pensar nisso. São coisas do passado e o meu presente é o Treviso. Nada ficou bem explicado para mim, não tenho mais nada a falar sobre isso, penso para frente, em treinar e jogar no meu nível mais alto. O que aconteceu lá atrás, ficou, sou atleta do Treviso e só falo sobre Treviso.

Você aceitaria trabalhar com esses treinadores novamente ?

Não vejo problema algum, sou profissional.

Serginho, líbero campeão olímpico e mundial, talvez não jogue mais pela seleção. O que acha disso ?

É uma coisa muito pessoal e que acontece com todo mundo. Li sobre isso e é inegável a contribuição dele à seleção. Só ele pode pesar os motivos que tem para se aposentar e não jogar mais pelo Brasil.

O Bruno é hoje o levantador ideal para a seleção ?

Esta é uma decisão do Bernardinho e da comissão técnica. Bruno é um excelente levantador, vive um momento muito bom, tem sido destaque das últimas edições da Superliga e está ajudando o Brasil a conquistar títulos. É um jogador novo e que tem muito talento. Só posso dizer isso.

Sem Ricardinho e com o Bruno na sombra, você se sentiu 'queimado' na seleção após a medalha de prata na olimpíada de Pequim ?

De maneira alguma. Encerrei meu ciclo na seleção com uma medalha olímpica e isso me deixou muito feliz. Depois da olimpíada conversei com a minha família e decidi que aquele era o momento de sair da seleção. Conversei com a comissão técnica e tenho certeza de que dei o meu melhor em dez anos defendendo o Brasil